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    Débora Oliveira

    Débora Oliveira

    Certificada pelo Programa B3 de Formação Continuada em Mercado de Capitais para jornalistas com atuação em grandes emissoras, como SBT, Band e RedeTV, e analista de economia sem economês

    Impactos do El Niño na inflação são menores que o esperado e IPCA deve registrar desaceleração em março

    Entre maio e outubro deste ano, mercado espera que alimentos in natura acumulem deflação de 11%

    Impactos do El Niño na inflação são menores que o esperado e IPCA deve registrar desaceleração em março
    Impactos do El Niño na inflação são menores que o esperado e IPCA deve registrar desaceleração em março

    Às vésperas da divulgação do Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA), as expectativas para a inflação estão melhores que as previstas anteriormente pelo mercado e isso se deve a um menor impacto dos efeitos climáticos sobre os preços dos alimentos, entre outros fatores.

    Após a deflação registrada em junho do ano passado, puxada pelos grupos de alimentação e transportes, os preços dos alimentos voltaram a subir. O que orientou a aceleração, nesse caso, foram os efeitos sazonais que acabaram sendo agravados pelo El Niño.

    O maior impacto foi sentido nos alimentos in natura que, tradicionalmente, já sobem de preço no verão. Eles tiveram grande participação na aceleração do grupo de alimentação entre novembro do ano passado e fevereiro deste ano, é o que explica o economista André Braz, que é coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da FGV.

    “Com a passagem da fase climática mais aguda e com a chegada do La Niña, as condições do tempo ficam mais favoráveis ao cultivo desses alimentos e os preços devem cair”, explica.

    Fábio Romão, economista da LCA Consultores, também vê o fenômeno climático El Niño como menos intenso do que se imaginava, aparecendo mais no último trimestre de 2023 e um pouco no primeiro trimestre de 2024. Por isso, ele espera uma alta de +0,23% para o IPCA de março, muito abaixo do registrado em fevereiro (+0,83%).

    “Esperamos que o grupo Alimentação e bebidas passe de +0,95% em fevereiro para +0,71% em março, em boa parte pelas quedas de batata-inglesa, carnes, óleos e gorduras e de enlatados e conservas. Também esperamos altas mais amenas de cereais, leguminosas e oleaginosas, hortaliças e verduras, carnes e peixes industrializados e do subgrupo alimentação fora do domicílio”, projeta Fábio.

    Já quanto ao fenômeno climático La Niña, as perspectivas do economista são de que os principais efeitos fiquem apenas para 2025.

    Para André Ângelo, que é estrategista de inflação da Warren Investimentos, a tendência para o IPCA de março também é esse movimento de desinflação dos preços dos alimentos, que pode chegar a registrar deflação em maio se permanecer nesse ritmo de queda.

    “Entre maio e outubro deste ano, esperamos que o grupo in natura acumule deflação de 11%, após 14% de alta no primeiro trimestre do ano”, diz o estrategista.

    Inflação de serviços

    Os preços de serviços ainda são preocupantes na visão dos especialistas que acompanham a inflação do país. Eles subiram bastante em 2022 (7,6%) e em 2023 (6,2%), ficando os dois anos com taxas mais altas que as do próprio IPCA, lembra Fábio Romão.

    Ele explica ainda que esse movimento se deu por conta da pandemia, já que as restrições de circulação acabaram impedindo que a gente gastasse com serviços e isso criou uma demanda reprimida. Então, quando houve a vacinação, sobretudo a partir de 2022, essa demanda reprimida por serviços chancelou os reajustes de passagem aérea, gastos com lazer, etc.

    “Foram altas importantes. Para 2024, como essa demanda tem sido atendida, a gente crê que os serviços vão desacelerar e vão fechar o ano em 4,2%, portanto menor que os 6,2% de 2023 “, espera Fábio.

    Ainda no setor de serviços, outro subgrupo que deve mostrar resiliência neste mês de março é o de aluguel de moradia.

    André Braz alerta que à medida que os juros ainda se sustentam altos, apesar dos cortes recentes na taxa Selic, a compra de imóveis fica reduzida. Então, diante dessa situação, as pessoas preferem alugar e a demanda maior por aluguéis sustenta os preços em alta desse segmento.

    “A política monetária que, normalmente, com o juro alto restringe a demanda para baixar os preços, nesse caso ela cria um efeito contrário e o aluguel pesa muito no orçamento familiar”, pontua o economista.