Política
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Por Raphael Di Cunto, Valor — Brasília


A Comissão Mista de Orçamento (CMO) aprovou o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2023, que define as regras para elaboração e execução do orçamento do próximo ano.

Partidos de oposição e o Novo criticaram o parecer do senador Marcos do Val (Pode-ES) por tornar obrigatória a execução das emendas de relator, também conhecidas como “orçamento secreto”. Essas emendas são programas controlados pelos deputados e senadores dentro do Orçamento, até com a escolha da ordem de prioridade do pagamento. O dinheiro só é liberado pelo Executivo após o aval do relator do Orçamento, daí o nome pelo qual ficaram conhecidas.

A oposição e o partido Novo apresentaram requerimentos para tentar impedir a execução obrigatória dessas emendas, mas eles foram rejeitados, com o apoio do governo Bolsonaro.

O Novo e o PT defenderam excluir a impositividade das emendas de relator, mas foram derrotados em uma série de votações simbólicas. Mesmo partidos com presidenciáveis que falam contra esse mecanismo, como o MDB, apoiaram tornar obrigatório ao governo pagar esses recursos, direcionados pelos parlamentares para suas bases eleitorais.

Os representantes do governo Bolsonaro nem chegaram a se pronunciar durante as votações, enquanto a base aliada votava sistematicamente a favor. A ordem foi liberar os governistas para aprovar a impositividade, vista no Congresso como uma blindagem contra um governo Lula (PT), embora o presidente Jair Bolsonaro (PL) possa vetá-la ao fazer a sanção do projeto.

Coordenador do PT na CMO, o deputado Ênio Verri (PR) afirmou que a emenda de relator tira força do Executivo na discussão das políticas públicas e espalha os recursos em diversas obras menores. “Tornar isso obrigatório é um absurdo”, disse.

As emendas de relator tornaram-se importante instrumento político para o Palácio do Planalto, que priorizou o repasse a parlamentares aliados em troca de apoio no Congresso. A queixa da oposição pela falta de informações sobre os parlamentares beneficiados e sobre o destino dos recursos fez com que a execução do pagamento dessas emendas fosse suspenso pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ano passado. Mas o veto foi revogado diante da promessa do Congresso de dar mais transparência.

Relator da LDO, o senador Marcos do Val (Pode-ES) defendeu seu parecer que tornou impositivas essas emendas. Ele admitiu que o valor de R$ 19 bilhões é de fato muito alto, mas disse que apoia o governo por sua consciência e não pela liberação de recursos para lugares indicados por ele. “Eu não vou assumir ou achar que sou corresponsável se tem alguém fazendo a venda do seu voto [para o governo]. Essa pessoa que responda”, afirmou.

A deputada Adriana Ventura (Novo-SP) rebateu, porém, que o governo já direcionou R$ 39 bilhões por meio desse mecanismo e apenas os autores de R$ 10 bilhões dessas indicações são conhecidos. “É secreto sim. 200 parlamentares não responderam ao Supremo Tribunal Federal se fizeram indicações”, afirmou. Para ela, a transparência é essencial para mostrar “que não tem toma lá dá cá, compra de voto ou qualquer outra coisa”.

Os requerimentos que visavam rejeitar a impositividade e mudar as regras das emendas de relator foram, contudo, rejeitados em votação simbólica.

O parecer de Marcos do Val foi aprovado praticamente sem alterações em relação ao que ele propôs. As únicas emendas aprovadas foram as aceitas pelo próprio relator.

Uma das mudanças feitas de última hora é que as empresas públicas ligadas ao Ministério da Defesa poderão receber aportes da União para aumento de capital, mesmo se não estiverem incluídas no Plano Nacional de Desestatização. A mudança foi um pedido dos militares, um dos pilares de sustentação do governo. As demais empresas públicas só poderão receber aumento de capital com recursos do Tesouro se estiverem nos planos de privatização.

Além disso, o relator determinou que os regimes especiais voltados para as micro e pequenas empresas não serão considerados benefícios tributários (o que permite que tenham prazo máximo de vigência maior do que cinco anos) e que os precatórios (dívidas judiciais) decorrentes de demandas de agentes públicos serão alocados nos orçamentos dos respectivos órgãos, como o Legislativo, Judiciário e Ministério Público.

Outra alteração foi acatar emenda do deputado Kim Kataguiri (União-SP), presidente da Comissão de Educação, para que os recursos próprios das universidades federais não possam ser contingenciados pelo governo. Isso, segundo o parlamentar, estimulará que as universidades públicas busquem formas de gerar receitas próprias.

O projeto ainda precisa ser aprovado pelo plenário do Congresso antes de ser encaminhado à sanção presidencial.

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