O conselho de administração da Petrobras reúne-se hoje para confirmar Caio Paes de Andrade como conselheiro interino e presidente executivo da companhia. A reunião ocorre depois que o Comitê de Elegibilidade (Celeg) da empresa concluiu na sexta-feira que o executivo preenche os requisitos e não tem vedações para assumir os cargos, podendo, portanto, ser eleito pelos conselheiros tanto para o colegiado quanto para o comando da estatal.
Mas a aprovação de Paes de Andrade no Celeg não foi unânime. Além dos integrantes do comitê - os conselheiros de administração Francisco Petros e Luiz Henrique Caroli, e os membros do Comitê de Pessoas da estatal Ana Silvia Corso Matte e Tales José Bertozzo Bronzato - terem registrado o fato de Paes de Andrade ter respondido por escrito e não presencialmente uma série de questionamentos feitos pelo Celeg, Petros votou contra a aprovação do executivo como conselheiro interino e presidente da estatal. Para Petros, a aprovação de Paes de Andrade para os cargos deveria acontecer apenas em uma assembleia de acionistas e não pelos conselheiros. Com isso, a aprovação aconteceu por 3 votos a 1.
“Em relação à capacidade de gestão do candidato, com o devido respeito, não encontrei nos documentos disponibilizados o respaldo que me permita formar uma convicção favorável ao candidato”, disse Petros em seu voto no Celeg.
Paes de Andrade é formado em comunicação social pela Universidade Paulista (Unip), com pós graduação em universidades nos Estados Unidos. “Muito embora tenha estudado em renomadas universidades norte-americanas, o que é louvável, a combinação deste inegável mérito com a correspondente experiência profissional está a meu juízo, muito aquém às necessidades de governança e gestão da Petrobras”, frisou Petros ao votar. “Neste sentido, avalio o candidato sem as aptidões necessárias para o exercício do cargo em vista da interpretação das normas cabíveis.”
A possibilidade de Paes de Andrade ocupar uma vaga interina no conselho, para poder assumir como CEO, passou a existir depois da renúncia de José Mauro Coelho aos cargos na segunda-feira da semana passada Desde então, a presidência da Petrobras vem sendo ocupada de forma interina pelo diretor executivo de exploração e produção, Fernando Borges.
Até então, Paes de Andrade era secretário de desburocratização do Ministério da Economia e assessor do ministro Paulo Guedes. O executivo foi indicado à presidência da Petrobras em 23 de maio, em substituição a Coelho, que havia assumido em abril. O motivo da troca foi a insatisfação do governo com reajustes dos combustíveis.
A pressão para que Coelho deixasse a companhia cresceu depois que a Petrobras anunciou um reajuste no dia 17 de junho. Desde 18 de junho, o preço médio de venda às distribuidoras nas refinarias da estatal subiu 14,26% para o diesel e 5,18% para a gasolina.
Na semana passada, o presidente da República, Jair Bolsonaro, indicou que Paes de Andrade deverá trocar a diretoria da companhia, responsável pelas decisões sobre a política de preços.
O executivo é o quarto presidente da Petrobras indicado por Bolsonaro. Antes de Coelho, o governo federal também já havia demitido do cargo Roberto Castello Branco, em fevereiro de 2021, e Joaquim Silva e Luna, em março de 2022. O motivo, em todos os casos, foi a insatisfação com o aumento dos combustíveis, que buscam seguir as cotações internacionais.
Paes de Andrade permanecerá em como interino no conselho até a próxima Assembleia Geral Extraordinária (AGE) de acionistas para eleger um novo colegiado, que deverá confirmá-lo como conselheiro. A convocação da assembleia será feita pelo atual conselho e precisa ocorrer com pelo menos 30 dias de antecedência.