Finanças
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Por , Valor — São Paulo


O trabalho do Banco Central (BC) fica mais difícil se houver percepção de que não existe âncora fiscal, disse nesta segunda-feira o presidente do BC, Roberto Campos Neto, durante evento em Nova York. Questionado sobre como mudanças nas regras fiscais afetam o trabalho da política monetária, o dirigente explicou que os BCs têm de se abster de fazer comentários sobre políticas fiscais.

No entanto, avaliou que “âncoras fiscal e monetária andam juntas e sempre que há uma mudança que torna o rumo fiscal menos transparente, ou menos crível, significa ter de pagar com custos mais elevados do outro lado, então o custo de fazer política monetária fica mais alto”.

O presidente do BC relembrou, porém, que o mercado “teve um número muito pior para o fiscal do que a meta que realmente foi adotada [pelo governo]”. Conforme Campos Neto, “eu venho dizendo há muito tempo que o ideal é não mudar as metas e fazer o máximo possível para atingir essas metas”. Mas “se, por algum motivo, tivermos que fazer um desvio, é muito importante se comunicar bem, porque se as pessoas perderem confiança na âncora fiscal, a âncora monetária será afetada”.

O fato de os EUA estarem adiando o início do ciclo de afrouxamento monetário e com as expectativas se consolidando em torno de uma taxa no fim do ciclo mais alta por lá podem começar a chamar a atenção para as dívidas dos principais países desenvolvidos, afirmou o presidente do BC.

“Quando olhamos para o que aconteceu nos EUA, durante algum tempo, as pessoas pensaram que os cortes nas taxas começariam em março. E quando isso decepciona, basicamente você tem o efeito de uma janela se movendo no tempo, e agora que os dados [de inflação e atividade] estão decepcionando [vindo mais fortes que o esperado], têm um efeito de mudar a taxa terminal.”

Na visão do dirigente, “houve uma reprecificação de taxas [no mercado], mas o que devemos observar e que, provavelmente, se tornará a próxima grande questão, é que estamos prestes a iniciar um debate sobre a dívida global”.

Conforme o presidente do BC brasileiro, “o fato de os EUA agora estarem adiando o ciclo, mas também terem uma taxa terminal mais alta, vai fazer as pessoas falarem da dívida”. O chefe da autoridade brasileira citou que os maiores blocos de economias avançadas — Japão, Europa e EUA — têm uma dívida soberana que representa uma proporção muito grande da dívida total global.

“Se você olhar o fato de que eles pagavam perto de 1% [antes da volta da inflação] na rolagem da dívida, e, se isso for para 3%, significa um custo três vezes maior na maior dívida do planeta. Então acho que o próximo assunto que a gente vai falar daqui a pouco não é mais sobre a janela da inflação. No ano passado, quando ninguém falava sobre isso, mencionamos que não víamos os processos de desinflação tão tranquilos como algumas pessoas estavam dizendo. Mas agora os agentes estão precificando até certo ponto que o ciclo vai atrasar um pouco. A próxima grande questão será sobre o que acontece com a dívida total."

Conforme Campos Neto, “o fiscal está se tornando cada vez menos coordenado com o monetário [na maior parte do mundo]”. Para o dirigente, quando entramos na pandemia, foi muito fácil coordenar as respostas. “Você aumenta os gastos e reduz as taxas”, disse em referência aos programas de estímulos.

“Mas a saída está sendo muito difícil de coordenar. E não há nada mais permanente do que um programa temporário de despesas. Essa foi uma frase que peguei emprestada do Milton Friedman. Mas você vê isso em muitos lugares diferentes, e acho que isso se tornará um problema.”

O presidente do Banco Centra, Roberto Campos Neto — Foto: Pablo Jacob/Agência O Globo
O presidente do Banco Centra, Roberto Campos Neto — Foto: Pablo Jacob/Agência O Globo
Mais recente Próxima Escolher comando do BC é prerrogativa do presidente da República, reitera Campos Neto

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