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Por Gabriel Roca, Matheus Prado e Victor Rezende — De São Paulo


Loureiro, da Trafalgar: decisão do BC de não sinalizar o fim do ciclo foi acertada — Foto: Nilani Goettems/Valor
Loureiro, da Trafalgar: decisão do BC de não sinalizar o fim do ciclo foi acertada — Foto: Nilani Goettems/Valor

O comunicado da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central desta quarta-feira (3), que elevou a taxa Selic para 13,75%, reforçou a perspectiva dos participantes do mercado de que o ciclo de aperto chegou ao fim ou está muito próximo dele. No entanto, em meio ao cenário ainda desafiador para a inflação corrente e prospectiva, a indicação de que o BC deve avaliar a necessidade de um ajuste residual na próxima reunião, em setembro, manteve as projeções de parcela dos investidores de que a taxa de juros será elevada para 14%.

Na visão do economista da ACE Capital, Werther Vervloet, ainda que o BC tenha deixado uma porta aberta para uma alta de menor magnitude em setembro, o comunicado indicou disposição maior da autoridade monetária em encerrar o ciclo. “Se formos levar a valor de face o que está escrito no comunicado, o cenário-base do BC é manter o juro parado na próxima reunião”, afirma Vervloet. Mesmo assim, o economista acredita que as expectativas de inflação podem seguir exibindo deterioração à frente e, em meio às surpresas positivas na atividade, especialmente do mercado de trabalho, o BC deve se ver obrigado a elevar o juro em 0,25 ponto em setembro.

Pelo ambiente atual de elevadas incertezas, o economista-chefe da Trafalgar Investimentos, Guilherme Loureiro, avalia que a decisão do BC de não sinalizar o fim do ciclo nesta reunião foi acertada. “O BC vem sinalizando a intenção de parar e ainda não conseguiu, mas estamos próximos do fim do ciclo. Parece que os riscos estão se equilibrando. Por mais que a inflação global esteja alta, o mercado tem olhado mais para a desaceleração das economias. E, se antes o Copom estava sozinho, agora há outros bancos centrais agindo para que os preços cedam”, opina.

Loureiro acrescenta que o principal risco local, o fiscal, não terá resolução no curto prazo, o que também reforça uma atuação mais gradual do comitê. Ele afirma também que, apesar da sua projeção anterior indicar uma Selic a 13,75% no fim do ciclo, ele enxerga espaço para que a taxa de juros avance a 14% ou a 14,25%.

Outra instituição a revisar sua estimativa para a Selic após o comunicado da decisão foi o MUFG. Na avaliação do economista-chefe para Brasil do banco, a projeção anterior de Selic a 13,75% no fim do ano foi desafiada pela frase do comunicado que diz que o Copom “avaliará a necessidade de um ajuste residual de menor magnitude em sua próxima reunião”. A indicação, somada a uma inflação corrente ainda pressionada, com os núcleos e tendências subjacentes em níveis elevados, fez o MUFG passar a esperar uma alta residual em setembro.

Em sentido contrário, a EQI Asset deve revisar para baixo a projeção de Selic de seu cenário-base, que era de 14,25%, segundo o economista-chefe da gestora, Stephan Kautz. Para ele, no máximo, o Copom deve elevar a taxa básica de juros em mais 0,25 ponto. “Não vamos mudar a projeção de 14,25% por enquanto, porque queremos esperar a ata para entender exatamente qual foi a discussão do comitê e, aí sim, revisar. Mas entendemos, a priori, que deve fazer no máximo mais uma alta de 0,25 ponto percentual”, aponta.

Vale mencionar que um trecho do comunicado provocou bastante confusão entre os participantes do mercado. Em um parágrafo, o Copom afirma que, “diante de suas projeções e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, é apropriado que o ciclo de aperto monetário continue avançando significativamente em território ainda mais contracionista” e, no parágrafo seguinte, que “o Comitê avaliará a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude, em sua próxima reunião”.

“Os trechos pareceram contraditórios e causaram certa confusão. Avançar significativamente não faz sentido com avaliar a necessidade e de menor magnitude”, aponta Carlos Pedroso, do MUFG.

Outro ponto que gerou controvérsia foi a indicação de que o BC está observando a inflação em 12 meses no primeiro trimestre de 2024 - em uma tentativa de “suavizar” os efeitos de medidas tributárias adotadas recentemente nas projeções de inflação de 2022 e 2023.

“Foi uma espécie de ‘malabarismo’ e ele achou uma inflação de 3,5%. Isso contribui para achar que mais uma alta de 0,25 ponto em setembro irá acontecer, já que 3,5% está acima da meta”, disse o economista-chefe da Quantitas, Ivo Chermont, em “call” após a decisão. Além disso, avaliou que as expectativas de inflação de 2024 no Focus devem continuar a subir e, assim, a projeção de 3,5% do Copom do primeiro trimestre de 2024 pode subir um pouco mais.

“Dito isso, acho que o Copom está bem na dúvida e deixou o cenário em aberto, mas a probabilidade de entregar uma alta de 0,25 ponto é preponderante. Acho até mesmo que o mercado vai ficar na ponta do zero [em setembro], mas acredito que a probabilidade central preponderante é de uma alta de 0,25 ponto”, diz Chermont.

Stephan Kautz, da EQI Asset, teme que o horizonte fique longo demais e que os efeitos da política monetária, caso fique parada até lá, não sejam suficientes para influenciar a leitura. Para ele, a decisão de ontem “consolida o fim de ciclo em um horizonte no qual a visibilidade está cada vez menor”.

Mais recente Próxima BC sobe juro básico em 0,50 ponto, para 13,75% e avalia ajuste residual

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