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Por Juliano Basile, Valor — Brasília

Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) identificou que 98% das empresas do Brasil adotam pelo menos uma ação de sustentabilidade e 63% delas pretendem ampliar os investimentos nas suas áreas nos próximos dois anos.

O levantamento, feito em meio à preparação para a 26ª Conferência do Clima (COP 26), foi realizado em parceria com o Instituto FSB para avaliar qual a visão das empresas brasileiras e quais ações concretas elas adotaram em relação à sustentabilidade. Em alguns quesitos, os dados mostram que elas estão avançadas.

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De acordo com o estudo, feito com executivos de 500 médias e grandes empresas industriais, práticas de gestão de resíduos e ações para reduzirem o desperdício de água e energia já são adotadas por nove de cada 10 empresas pesquisadas. Praticamente quase todas elas, o equivalente a 98%, adotam pelo menos uma entre as oito ações de sustentabilidade listadas no questionário.

A maior preocupação dos executivos ouvidos é com o descarte de resíduos. Um em cada quatro afirmou que este é o seu primeiro ou segundo principal ponto de atenção. Considerando o estágio atual do ambiente de negócios no Brasil, 94% dos executivos enxergam oportunidades nas ações de sustentabilidade. Outro dado que mostra o interesse das empresas pelo tema é a intenção de investimento.

Praticamente duas em cada três das empresas entrevistadas, o equivalente a 63% delas, afirmaram que vão ampliar os investimentos em sustentabilidade nos próximos dois anos. Mesmo durante a pandemia, em meio à crise econômica, 28% delas disseram ter ampliado esse tipo de investimento nos últimos 18 meses.

“A indústria sempre foi um ator relevante e, em muitos momentos, liderou o processo de desconstrução da falsa dicotomia entre desenvolver e preservar, homem e natureza”, disse o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade. Segundo ele, historicamente “nós temos dado uma contribuição relevante ao desenvolver soluções que aumentam a eficiência das linhas de produção e promovam o consumo consciente de recursos”. “Com isso, os dados da pesquisa revelam que essa é uma preocupação disseminada e contínua em todo o setor industrial.”

Os dois principais motivos que levam as empresas a investirem em sustentabilidade são a reputação junto à sociedade e aos consumidores, com 41% das respostas, e o atendimento às exigências regulatórias, com 40%. A redução de custos, com 32%, e o aumento da competitividade, com 29%, completam a lista de itens que mais estimulam os executivos a adotarem a agenda sustentável.

Do outro lado, a falta de cultura voltada para o tema, com 48% e a falta de incentivos do governo, com 47%, são apontados como os principais entraves. Os custos adicionais, com 33%, e a falta de crédito ou financiamento, com 20%, também integram a lista de barreiras para a implementação de ações sustentáveis pela indústria.

Mesmo com essas dificuldades, em 40% das indústrias existe uma estratégia e agenda de sustentabilidade validada pela alta gestão. Nas grandes indústrias, o indicador é seis pontos percentuais maior, chegando a 46%. Os líderes do setor produtivo reconhecem o papel do governo para incentivar e catalisar o processo de ações sustentáveis na iniciativa privada. Para 71% dos entrevistados, o Estado deve controlar e estimular que as empresas sigam regras ambientalmente sustentáveis.

Ainda de acordo com a CNI, as exigências impostas pela cadeia produtiva reforçam ações de sustentabilidade nas empresas. A pesquisa mostrou que a maioria das médias e grandes indústrias brasileiras, um total de 52%, já teve, como fornecedor, alguma exigência de certificado ou ação ambientalmente sustentável como critério de contratação por parte dos clientes. A reprodução desta política de relacionamento, no entanto, ainda não está disseminada. Só uma em cada três empresas ouvidas replica as mesmas exigências para os seus fornecedores. Apesar de ainda não imporem essa condição à própria cadeia produtiva, a grande maioria, o equivalente a 84% dos executivos, acredita que a os critérios de sustentabilidade têm algum peso para os clientes e consumidores. Para 24% deles, esse peso é alto ou muito alto.

Na hora da adoção de práticas sustentáveis, a gestão de resíduos sólidos aparece com uma das duas prioridades para 42% dos entrevistados. Ações para evitar o desperdício de água aparecem em segundo lugar, com 38% das respostas, seguida de perto pela utilização de fontes renováveis de energia com 36%. Em quarto lugar figuram as iniciativas para evitar o desperdício de energia, com 32%.

Apesar dos indicadores positivos, 72% dos executivos ouvidos admitem que estão pouco ou nada familiarizados com a sigla ESG, que vem em inglês e é usada para designar ações de sustentabilidades com base nos pilares ambiental, social e de governança. Mesmo pouco ou nada familiarizados com o tema, 81% dos líderes empresariais dizem que o ESG é importante ou muito importante. Dos três pilares, a governança é vista como o mais relevante por eles, com 39% das respostas, contra 29% que citaram o social e 23%, o ambiental.

A maioria dos ouvidos, o equivalente a 55% dos executivos de médias e grandes companhias, acredita que as próprias empresas estão mais avançadas ou no mesmo patamar que a indústria mundial no quesito sustentabilidade e 42% dos empresários admitem que a empresa que comandam está atrasada. Em termos de estrutura organizacional, apenas 34% das empresas têm uma área formal para lidar com o tema sustentabilidade. Dessas, pouco mais da metade dá autonomia financeira a essa área. Outro ponto de atenção diz respeito a metas de sustentabilidade: apenas uma em cada três empresas escutadas afirma ter.

O Instituto FSB Pesquisa entrevistou, por telefone, executivos de 500 empresas industriais de médio e grande portes, compondo amostra proporcional em relação ao quantitativo total de empresas industriais desses portes em todos os estados brasileiros. Dentro de cada região, a amostra foi controlada por porte das empresas, como médias e grandes, e setor de atividade. As entrevistas foram realizadas entre 13 e 22 de outubro de 2021. Devido ao arredondamento, a soma dos percentuais pode variar de 99% a 101%.

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