• Thiago Andrill
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Neste 25 de novembro, Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra a Mulher, perguntamos a lideranças da política e da sociedade civil sobre as saídas para um problema endêmico no país, as violências que atingem as mulheres  (Foto: Getty Images)

"Maior conscientização das mulheres sobre o cenário de violência que podem estar inseridas e a necessidade de buscar ajuda", afirma a secretária Claudia Carletto (Foto: Getty Images)

O número de atendimentos feitos a mulheres vítimas de violência teve um aumento de 75% em 2021 comparado ao ano anterior, declara a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura de São Paulo (SMDHC). A cidade conta com a maior rede de proteção contra violência doméstica do país e, de acordo com a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2022, a verba destinada a estes serviços é 21,95% maior em relação a de 2021. Para a secretária Claudia Carletto, o crescimento dos atendimentos pode ser explicado por dois motivos.

“O primeiro é o impacto do fim das restrições de circulação mais rígidas motivadas pela pandemia de covid-19, que resulta na maior circulação de pessoas comparada ao ano anterior”, afirma. “E outro fator muito importante é a maior conscientização das mulheres sobre o cenário de violência que podem estar inseridas e a necessidade de buscar ajuda, mesmo quando pensamos não haver mais saída”, complementa.

Claudia Carletto destaca que as vítimas de violência doméstica comumente possuem um elo com o agressor “muito difícil de ser quebrado” e, por isso, se torna “tão o esforço de sair dessa teia que é o ciclo da violência.”

A secretária  municipal de Direitos Humanos e Cidadania destaca o papel da imprensa e de “atores da sociedade” na luta contra o machismo estrutural. “Os dados nos mostram que a divulgação dos serviços e ações de combate à violência doméstica realmente salvam vidas ao oferecer às mulheres e seus filhos um local seguro, de acolhimento e escuta qualificada e sem julgamentos.”

Atendimentos e vacinação

42.212 mulheres foram atendidas em 2021 pela rede de proteção às mulheres vítimas de violência. A Secretaria ressalta a importância da vacinação. Em maio de 2021, quando a campanha de imunização já estava vigente, o número de atendimentos teve um aumento de 39% em relação ao mês anterior, chegando a 3871. Em junho, manteve-se acima de 3000 mensais e o pico foi em agosto, com 4343.

“Ao longo de toda pandemia, os equipamentos de atendimento à mulher da cidade ficaram de portas abertas à população prestando orientações e os encaminhamentos necessários aos demais equipamentos da rede”, afirma a secretária. Algumas ações foram implementadas desde março de 2020 para reforçar o suporte às vítimas de violência doméstica.

Foram elas: “A ampliação dos canais de denúncia pelo Disque 156 com atendimento humanizado e especializado, o lançamento da campanha #seguimosperto nas redes sociais, a concessão do auxílio hospedagem - inicialmente em caráter temporário e que se tornou permanente com o auxílio aluguel - e, por fim, a inauguração de três Postos de Apoio à Mulher no transporte - dois no metrô e um na SPTrans -”.

Perfil observado

Em agosto do ano passado, a SMDHC liberou um estudo sobre o perfil das vítimas de violência durante a pandemia em São Paulo atendidas pelos serviços da pasta. Em sua maioria, elas são brancas, têm de 30 a 49 anos, são solteiras, heterossexuais e com formação escolar igual ou superior ao ensino médio. O rendimento médio mensal é de um a dois salários mínimos. Entretanto, o estudo destaca que o alcance do machismo estrutural é amplo e que mesmo mulheres que não tenham este perfil estão sujeitas à violência.

A rede

A mulher vítima de violência (psicológica, física ou moral) em São Paulo pode procurar diferentes locais de atendimento na cidade que contam com uma equipe especializada, composta por assistente social e psicóloga. A partir da escuta, lhe é dada uma orientação e possível encaminhamento a um dos equipamentos da rede de proteção à violência contra a mulher.

Confira a rede de atendimento da SMDHC:

Casa da Mulher Brasileira (todos os dias, 24 horas): Rua Vieira Ravasco, 26 – Cambuci / 11 3275-8000

Posto Avançado de Apoio à Mulher (segunda a sexta-feira, das 10h às 16h): Estação Santa Cecília (Linha 3 Vermelha)

Posto Avançado de Apoio à Mulher (segunda a sexta-feira, das 10h às 16h): Estação da Luz (Linha 1 Azul)

Posto Avançado de Apoio à Mulher (segunda a sexta-feira, das 10h às 17h): Terminal de Ônibus Sacomã – zona sul

Ônibus Lilás: unidade móvel de atendimento, encaminhamento e acolhimento às mulheres vítimas de violência. Endereço e horário de funcionamento atualizados no site da SMDHC

CRMs e CCMs (segunda a sexta-feira, das 10h às 16h)

CRM 25 de Março (segunda a sexta-feira, das 10h às 16h): Rua Líbero Badaró, 137, 4º andar – Centro / 11 3106-1100

Casa Brasilândia (segunda a sexta-feira, das 10h às 16h): Rua Sílvio Bueno Peruche, 538 – Brasilândia / 11 3983-4294

CCM Perus (segunda a sexta-feira, das 10h às 16h): Rua Aurora Boreal, 53 / 11 3917-5955

CCM Itaquera (segunda a sexta-feira, das 10h às 16h):  Rua Ibiajara, 495 – Itaquera / 11 2073-4863

Casa Eliane de Grammont (segunda a sexta-feira, das 10h às 16h): Rua Dr. Bacelar, 20 – Vila Clementino / 11 5549-9339

CRM Maria de Lourdes Rodrigues (segunda a sexta-feira, das 10h às 16h): Rua Luiz Fonseca Galvão, 145 – Capão Redondo / 11 5524-4782

CCM Parelheiros (segunda a sexta-feira, das 10h às 16h): Rua Terezinha do Prado Oliveira, 119 /11 5921-3665

CCM Santo Amaro (segunda a sexta-feira, das 10h às 16h): Praça Salim Farah Maluf, s/n / 11 5521-6626

CCM Capela do Socorro (segunda a sexta-feira, das 10h às 16h): Rua Professor Oscar Barreto Filho, 350 – Grajaú / 11 5927-3102