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Por Manuela Tecchio — São Paulo


Em tempo de vacas magras, quem tira leite de vegetal é rei. Mesmo em cenário de baixa liquidez, a NotCo acaba de levantar mais US$ 70 milhões em uma extensão de sua série D — um cheque que vai para a reserva, já que a foodtech ainda está capitalizada. A rodada marca a entrada da Princeville Capital e do fundador e CEO do Mercado Livre, Marcos Galperin, para o cap table. Fundos como Tiger Global, L Catterton e Kaszek, além de Jeff Bezos, acompanham em follow-on.

“Recebemos uma proposta realmente muito boa e decidimos aceitar. Apesar de não precisar captar agora, foi ótimo fortalecer o caixa. Assim, ganhamos tranquilidade e não precisamos voltar ao mercado nos próximos cinco, talvez dez anos. Isso tira muita pressão das nossas costas”, conta Matias Muchnick, cofundador e CEO da NotCo. “Melhor ainda, a gente conseguiu manter o mesmo valuation”. Em julho de 2021 a NotCo captou US$ 235 milhões, avaliada em US$ 1,5 bilhão.

Muchnick, cofundador da NotCo: aproximação da indústria garante desempenho melhor que concorrentes — Foto: Divulgação
Muchnick, cofundador da NotCo: aproximação da indústria garante desempenho melhor que concorrentes — Foto: Divulgação

Esta série D será a última captação no mercado privado, no que depender dos fundadores. Não é pressa para o IPO. A dupla quer focar os recursos no fortalecimento da recém-inaugurada vertical de B2B e estabelecer parcerias estratégicas. A ideia é fornecer serviço e consultoria para a indústria de alimentos, tendo como grande trunfo o Giuseppe, a inteligência artificial desenvolvida na casa para pesquisar texturas e sabores que se assemelhem ao máximo às proteínas animais.

Em diversas frentes, a startup chilena vem explorando colaborações e contratos de serviço. Neste ano, a NotCo fundou uma JV com a Kraft Heinz. Como fornecedora, já alcançou a cozinha de redes internacionais como Burger King, Shake Shack, Starbucks e Dunkin Donuts. Pouco antes da pandemia, também se preparou com a entrada no varejo, em especial, nos Estados Unidos.

Hoje, os produtos vegetais da marca estão nas prateleiras de mais de 10 mil lojas e hipermercados das redes Whole Foods, Costco, Sprouts, Wegmans, Fresh Direct e até Amazon. No Brasil, são 2 mil pontos de venda em parceiros como Sams Club, BIG, Carrefour, Pão de Açúcar, Muffato, Zona Sul, Mambo e até em plataformas como Rappi, Mercado Livre e Justo.

Os executivos da startup continuam apostando no Brasil como seu maior mercado na América Latina e um dos mais relevantes como um todo. Já investiram R$150 milhões no país. Além de lançar produtos locais, como o NotCreme, o creme de leite vegetal, a foodtech tem apostado numa expansão geográfica. Antes presente apenas em São Paulo, passou a atuar no Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Distrito Federal. No ano que vem, inaugura um novo escritório e planeja dobrar a operação local de tamanho.

Enquanto companhias como Beyond Meat e Impossible Foods têm sofrido para entregar aos investidores suas promessas de crescimento, a NotCo tem conseguido driblar o impacto de demanda e a pressão de caixa. “É aquela história: não dá para ultrapassar 15 carros debaixo do sol mas, quando está chovendo, é possível. Nosso momento é muito diferente das outras companhias de plant-based. Nosso core business é tecnologia, ciência. Por isso que as maiores do mundo querem fazer negócio com a gente."

Um dos grandes desafios no cardápio da NotCo, e também uma cruzada pessoal no paladar de Muchnick, era produzir um queijo vegetal que derretesse, tivesse textura e sabor de queijo. “Era a categoria número um. E justamente o que faltava”, conta. Ainda em fase de pré-lançamento, disponível apenas no Chile, o NotCheese vendeu 190% acima do que a companhia estimava. Foi um dos primeiros produtos desenvolvidos pela JV com a Heinz.

O plano é continuar apostando em proteínas clássicas, mas explorando sabores locais à medida em que a startup ganha o mundo — só nos Estados Unidos, já são 12 patentes.

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