Medicina
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Por O Globo

Cercada de muitos tabus e preconceito da sociedade, a esquizofrenia é uma doença psiquiátrica caracterizada pela dissociação entre o que é real e o que é imaginário por parte do indivíduo. Na maioria dos casos, são relatadas alucinações, que constituem alterações da percepção como “ouvir vozes”, ter visões e sensações de perseguição não compartilhadas por outras pessoas, mas que para o paciente parecem reais. O distúrbio afeta a capacidade de pensar e agir sem uma motivação aparente, o que acaba gerando reclusão social.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que a esquizofrenia é a terceira causa de perda da qualidade de vida entre os 15 e 44 anos. No Brasil, a doença afeta cerca de 1,6 milhão de pessoas, segundo a Secretaria de Atenção Primária à Saúde (Saps), do Ministério da Saúde. A disfunção mental geralmente se manifesta na adolescência ou início da idade adulta, entre 20 e 30 anos de idade, e pode se agravar ao longo dos anos.

Se antes a expectativa era que esquizofrênicos fossem internados nos chamados manicômios, hoje eles têm garantidos, por lei, diversos direitos, como assistência social, psicológica e reabilitação oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os pacientes também têm acesso gratuito a remédios antipsicóticos, que são os mais eficazes no controle da doença.

Quais são os sintomas da esquizofrenia?

Segundo a médica psiquiatra Roberta França, membro da Sociedade Brasileira de Neuropsiquiatria e da Associação Brasileira de Psiquiatria, os sintomas da esquizofrenia vão desde alucinações visuais, auditivas, ilusões, até comportamento antissocial, perda de motivação e alteração de memória. É uma doença muito anárquica, em que o paciente chama atenção pela desorganização do pensamento.

Tipos de esquizofrenia

A psiquiatra ressalta três tipos centrais de esquizofrenia: paranoide, catatônica e hebefrênica. No entanto, na maioria dos casos, não é possível definir com exatidão qual é o padrão do paciente. De acordo com França, para além de categorizar a doença, o importante é fazer o diagnóstico, a fim de ajudar o indivíduo que sofre com a doença mental que é crônica e, em alguns casos, incapacitante.

Esquizofrenia paranoide

O paciente apresenta ideias delirantes com frequência, de caráter persecutório, na maioria das vezes acompanhadas de alucinações auditivas, e de perturbações das percepções.

Esquizofrenia hebefrênica

As ideias delirantes e as alucinações são fragmentadas, o comportamento é irresponsável e imprevisível; e há, com frequência, gestos extravagantes e prolixos.

Esquizofrenia catatônica

É dominada por distúrbios psicomotores proeminentes que podem alternar entre extremos, como hipercinesia e estupor, ou entre a obediência automática e o negativismo.

Causas da esquizofrenia

Por não ser possível determinar a origem do transtorno psicótico, Marcelo Veras, psiquiatra e psicanalista da Escola Brasileira de Psicanálise, explica que a esquizofrenia é o somatório de situações que acontecem na vida, principalmente na primeira infância, ligada ao modo como o próprio bebê e criança reconhece a si mesmo e o próximo.

Além disso, traumas de abandono e reclusão social também podem desencadear a doença, bem como fatores cerebrais e ambientais. Apesar de haver indícios de que o distúrbio possa ser adquirido de forma hereditária, a questão genética não é determinante.

Como fazer o diagnóstico da esquizofrenia?

O diagnóstico da esquizofrenia é eminentemente clínico, ou seja, não existe nenhum exame de imagem ou de laboratório que aponte a doença. Assim, o profissional leva como base a história psiquiátrica e o exame do estado mental do paciente, bem como a observação dos familiares. As perturbações características da esquizofrenia duram pelo menos 6 meses.

Tratamento para esquizofrenia

Segundo o psiquiatra Marcos Veras, o tratamento da esquizofrenia alia acompanhamento psicológico a medicamentos antipsicóticos ou neurolépticos, que têm a função de aliviar os sintomas na fase aguda da doença e prevenir novos episódios. Durante o consumo de remédios, é imprescindível uma retomada da rotina, trabalho e relacionamento com amigos e familiares para estabilização do quadro.

Apesar de a maioria dos pacientes precisar utilizar a medicação de forma contínua para não ter novas crises, Veras afirma que o medicamento não vicia, desde que aliado à abordagem psicossocial. A reintegração social é importante tanto para o esquizofrênico, quanto para a sociedade, ao quebrar preconceitos quanto à validez do paciente.

O SUS oferece tratamento para a esquizofrenia através dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps). No local, as pessoas são acolhidas, sejam elas encaminhadas por outros serviços ou por meio de demanda espontânea. Segundo o Ministério da Saúde, em 2020, o Brasil realizou mais de 175 milhões de atendimentos para pessoas com o diagnóstico.

Fontes: Marcelo Veras, psiquiatra e psicanalista da Escola Brasileira de Psicanálise; Roberta França, psiquiatra e membro da Sociedade Brasileira de Neuropsiquiatria e da Associação Brasileira de Psiquiatria

Referências: Ministério da Saúde; Farmacêutica Pfizer; Organização Mundial da Saúde; Instituto de Pesquisa e Ensino Médico do Estado de Minas Gerais

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