Medicina
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Por O Globo

A catarata atinge cerca de 65,2 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo o Relatório Mundial sobre a Visão, elaborado neste ano pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O estudo também considera a doença como a principal causa de cegueira na população. Seu surgimento é mais comum em pessoas acima de 70 anos, mas ela pode se manifestar em qualquer momento da vida.

Os sintomas da catarata costumam ser graduais. No início, inclusive, podem ser imperceptíveis, mas começam a incomodar a visão ao longo do tempo, conforme sua evolução. O problema afeta o cristalino, uma estrutura que fica dentro dos olhos e funciona como uma lente.

Com o avanço da doença, essa membrana começa a ficar cada vez mais opaca, provocando perdas na qualidade da visão e levando à cegueira em seus estágios mais avançados. A cura, porém, já existe: é um procedimento cirúrgico delicado, mas que costuma ser rápido, seguro e de simples recuperação.

Segundo a OMS, a catarata é responsável por 47,8% dos casos de cegueira no mundo, acometendo principalmente a população idosa. A idade, inclusive, é o principal fator causador da doença, mas existem diversos tipos.

Conheça os tipos de catarata

O tipo mais comum da doença é a chamada Catarata Senil. Como o nome sugere, ela ocorre quando a catarata se manifesta em pessoas idosas, geralmente acima dos 70 anos. O problema é causado pelo envelhecimento natural do cristalino. Segundo o Aderbal Alves Junior, membro da Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO), este tipo é, de longe, o que mais atinge a população.

— A maior parte (dos casos) é Catarata Senil, do envelhecimento. Afeta a maior parte das pessoas. Quanto mais a pessoa vive, mais chance de ter. Como hoje em dia as pessoas vivem muito mais, a maior parte vai ter catarata. Por isso, é a cirurgia mais realizada no mundo — explica.

Mas a doença também pode atingir pessoas mais jovens, como no caso da Catarata Congênita. Nesse tipo, o bebê já nasce com a doença e as causas conhecidas incluem infecção intra-uterina e distúrbios metabólicos, além de fatores hereditários.

A catarata também pode ser classificada como Traumática, se for causada por acidentes no olho. Isso pode acontecer mesmo se o olho não tiver sido perfurado.

Outro tipo é a catarata provocada por doenças sistêmicas, como por influência da Diabetes. Nesse caso, normalmente atinge pessoas mais jovens, com perda visual mais rápida. Por último, há também o tipo causado pelo uso de medicamentos — principalmente os corticoides, quando usados por longos períodos.

Quais são os sintomas da catarata?

Na maioria das vezes, durante os estágios iniciais da catarata, ela não pode ser diagnosticada a olho nu. Seus efeitos iniciais também costumam ser brandos e, por isso, os portadores da doença não percebem tão rapidamente. Com a evolução das fases, os sintomas provocam a perda gradativa da qualidade na visão, podendo levar à cegueira.

Os principais sinais são: sensação de visão embaçada, alteração contínua da refração (grau dos óculos), maior sensibilidade a luz, espalhamento dos reflexos ao redor das luzes e percepção de que as cores estão desbotadas. Normalmente, também há uma piora da miopia com redução da visão em baixo contraste e baixa luminosidade, principalmente para longe.

Esses sintomas podem atingir somente um ou os dois olhos. Nos casos da catarata relacionada à idade, doença sistêmica ou causada pelo uso de medicamentos, o problema normalmente é bilateral e assimétrico — ou seja, atinge ambos os olhos, mas não prejudica os dois igualmente. Um exemplo trazido por Aderbal Alves Junior é de que há pessoas que operam somente um dos olhos “e ficam anos sem operar o outro”.

Quando a doença atinge somente um dos olhos, normalmente se trata de uma Catarata Traumática, decorrente de algum acidente que provocou impacto naquele olho. Isso pode acontecer também por um processo inflamatório, por exemplo.

O que causa a catarata?

A catarata é uma doença classificada como multifatorial. Isso quer dizer que há diversos fatores que podem motivar o surgimento do problema. A causa mais comum é o envelhecimento do cristalino, que ocorre pela idade. Mas ela também pode estar associada a alterações metabólicas que acontecem em algumas doenças sistêmicas (como o diabetes), a outras doenças oculares (como a uveíte), ao tabagismo e também ao alcoolismo.

A doença é chamada de secundária quando é causada pelo uso incorreto de alguns medicamentos (como os corticoides) ou por um trauma ocular. Para este último, há várias possibilidades que podem levar ao surgimento da catarata: contusão, perfuração, infravermelho, descarga elétrica, radiação ultravioleta, raios X, betaterapia ou queimaduras químicas graves.

Quais são os tratamentos indicados para a catarata?

O único tratamento disponível para a catarata, atualmente, é feito por meio de um procedimento cirúrgico. A cirurgia, chamada de facectomia, faz a retirada do cristalino comprometido pela doença e o substitui por uma lente artificial, um implante intraocular.

O procedimento, segundo a Associação Brasileira de Catarata e Cirurgia Refrativa (ABCCR), é a cirurgia mais realizada na oftalmologia e foi uma das técnicas cirúrgicas que mais evoluiu nas últimas décadas. O implante da lente artificial é delicado e deve ser feito com cuidado, preferencialmente por um profissional experiente. Mas o processo é seguro, de baixo risco, costuma ser feito em cerca de 15 minutos e tem recuperação rápida, se não houver complicações.

A cirurgia traz de volta a visão e pode corrigir o grau de olhos míopes, hipermetropes e astigmatas, por meio das lentes intraoculares. No entanto, o procedimento cirúrgico não é obrigatório nem necessário em todos os casos, como explica Aderbal Alves Junior:

— Não é porque você tem catarata que precisa operar. Há vários graus. Depende muito de como ela vai comprometer a qualidade da visão. Isso depende do critério, da queixa da pessoa. Alguns têm catarata e não querem operar porque estão satisfeitos com a visão. O cristalino vai opacificando lentamente, ao longo da vida. Você vai ter a indicação de operar quando essa opacificação está prejudicando a visão de alguma forma —afirma o oftalmologista.

Existe prevenção?

Até o momento, os cientistas e médicos ainda não encontraram uma forma de prevenção para a catarata, principalmente no tipo causado pelo envelhecimento. Por isso, o ideal é visitar um oftalmologista regularmente para descobrir a doença ainda em seus estágios iniciais. Também não há como evitar a predisposição genética.

Mas é possível tomar cuidados para evitar o desenvolvimento da catarata em suas formas secundárias. Reduzir o tabagismo, proteger-se contra a radiação ultravioleta (principalmente UVB) e contra traumas, controlar o diabetes e evitar o uso de corticoides são medidas que podem ser eficazes na prevenção da catarata. Além disso, também é fundamental ter consciência dos perigos da automedicação, já que essa pode ser uma das causas da doença.

— Existem algumas condições que devem ser evitadas, como o uso de colírio sem recomendação médica. Quem usa colírios com corticoide, sem tomar cuidados, pode desenvolver uma catarata ou glaucoma. Mas não tem muito o que fazer para evitar a doença pelo envelhecimento — completa o membro da Sociedade Brasileira de Oftalmologia.

Referências

Com informações do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, que pertence à Universidade Federal do Rio de Janeiro; da Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde; da Associação Brasileira de Catarata e Cirurgia Refrativa (ABCCR); e do Relatório Mundial sobre a Visão, elaborado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) neste ano de 2021.

A entrevista concedida ao GLOBO por Aderbal Alves Junior, membro da Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO), também serviu como base.

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