Eleições 2022
PUBLICIDADE

Por Jussara Soares, O GLOBO — Brasília


Em vídeo, Bolsonaro afirmou que colocaria 'cara no fogo' por Milton Ribeiro, alvo da PF — Foto: Cristiano Mariz/O Globo
Em vídeo, Bolsonaro afirmou que colocaria 'cara no fogo' por Milton Ribeiro, alvo da PF — Foto: Cristiano Mariz/O Globo

Um dia após a prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, o Palácio do Planalto ainda tenta estimar o tamanho do estrago causado pelo caso na campanha à reeleição de Jair Bolsonaro. O entorno do presidente aguarda com apreensão a nova pesquisa Datafolha desta quinta-feira. O levantamento ainda estava sendo feito quando o ex-integrante do governo foi preso pela Polícia Federal, em investigação que apura suspeitas de desvio de verbas no MEC. A avaliação é de que o episódio atinge uma das principais bandeiras bolsonaristas, o discurso anticorrupção.

A preocupação do núcleo da campanha é que o escândalo envolvendo Ribeiro dificulte ainda mais a recuperação de Bolsonaro nas pesquisas de intenção de voto nos quais ele perde em todos os cenários para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT. No último levantamento do Datafolha, no fim de maio, o petista tinha 48% da preferência dos eleitores contra 27% de Bolsonaro. Coordenadores do projeto de reeleição de Bolsonaro, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, e senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), esperavam que atual chefe do Planalto já estivesse encostando em Lula em julho.

A cem dias do primeiro turno das eleições, os respingos da prisão de Ribeiro se somam a outros obstáculos que o grupo tentava tirar da frente para impulsionar a campanha, como o novo aumento no preço dos combustíveis, nesta semana, e a alta da inflação. A estratégia era tentar emplaca que as dificuldades econômicas são um fenômeno mundial devido a pandemia da Covid-19 e da guerra da Ucrânia, mas que, ao menos, o atual governo não tem escândalos como os das gestões petistas.

Em outra frente, Bolsonaro seguia apostado nos casos corrupção dos governos do PT para se contrapor ao ex-presidente. Na tentativa de salvar essa narrativa, o presidente, que chegou a dizer que colocaria a “cara no fogo” por Ribeiro, vai passar a defender a investigação e uma punição exemplar ao ex-ministro, caso sejam comprovadas as suspeitas de corrupção na basta. A ideia é tentar apresentar Bolsonaro como implacável contra crimes mesmo que tenha que “cortar na própria carne”.

O episódio também será utilizado como argumento de que a Polícia Federal tem uma atuação independente e que o presidente não tenta interferir nos rumos das investigações. Bolsonaro foi acusado pelo ex-ministro Sergio Moro de interferir na PF, mas o inquérito concluiu que não houve crime.

Blindagem

Essa estratégia para blindar Bolsonaro e tratar a prisão de Milton Ribeiro como um “caso isolado” começou a ser colocada em prática na noite de ontem. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), coordenador da campanha de reeleição do pai, divulgou um vídeo dizendo que há uma “tentativa de usar eleitoralmente” a suspeita sobre o ex-ministro da Educação, enquanto Bolsonaro "trabalha dia e noite para reduzir o preço do combustível, para reduzir o preço da comida". A gravação foi feita após reunião de Flávio no Palácio do Planalto com o pai.

— A oposição tenta usar isso eleitoralmente e colocar o Bolsonaro na mesma prateleira do Lula, o que é impossível porque o Lula é o maior ladrão da história do nosso país. Olha a diferença de postura. Enquanto o Bolsonaro ele afasta o ministro, a PF faz a investigação isenta, independente, sem interferência; os governos passados, como aconteceu no caso da Dilma, ela tenta promover o Lula a ministro para que ele não fosse preso por corrupção — disse o senador.

Ainda sem saber o conteúdo da decisão que levou à prisão de Ribeiro, integrantes do governo adotaram a cautela para tratar o assunto ao longo de todo o dia de ontem. A ordem era evitar fazer defesa de Milton Ribeiro. O receio é que a investigação pudesse revelar gravações do ex-ministro da Educação ou movimentações financeiras que corroborem as suspeitas de crime envolvendo da distribuição de recursos do MEC para prefeituras.

— O governo está muito tranquilo. Esperamos que as investigações aconteçam de uma forma isenta e que o ex-ministro Milton possa prestar os esclarecimentos porque o que todos nós sabemos até agora é que foi o próprio ex-ministro que denunciou à CGU que havia a suspeita de que algo errado poderia estar acontecendo em seu ministério. Foi o próprio ex-ministro que, em seu primeiro depoimento, colocou no papel que o presidente Bolsonaro não tem absolutamente nada a ver com as suspeitas que estão recaindo sobre ele nesse momento – completou Flávio no vídeo.

Mais recente Próxima
Mais do Globo

Em 21 de maio, o Teatro Riachuelo é palco para Letícia Sabatella. Assinantes têm 50% de desconto na compra de até dois ingressos

Letícia Sabatella Canta Por Elas no Teatro Riachuelo: Assinante O GLOBO tem 50% de desconto

Dona do Google também anunciou uma recompra de US$ 70 bilhões em ações. Papéis chegaram a subir 6% em Nova York

Vendas da Alphabet superam projeções do mercado e empresa anuncia dividendos

Com o título “À Flor da Terra - No Rio da Negritude Entre Dores e Paixões”, escola fará narrativa baseada na realidade histórica dos negros, conectando passado e presente

Carnaval 2025: enredo da Mangueira fala do processo de apagamento e invisibilidade do povo preto desde a chegada dos escravizados

Projeto apresentado pelo governo, com todos os senões, deve ser encarado como prioridade no Congresso

Regulamentação da reforma tributária é urgente para o país

Canção foi composta por José Afonso e era censurada pela ditadura de Antonio Salazar

'Grândola, Vila Morena': conheça a história da música que deu início à Revolução dos Cravos, em Portugal

No dia 11 de maio, o Teatro Cesgranrio será palco para “Saudade do Brasil - Fernanda Santanna Canta Elis”. Assinante O GLOBO tem 50% de desconto na compra de até dois ingressos

Saudade do Brasil no Teatro Cesgranrio: assinante O GLOBO tem 50% de desconto

No dia 29 de maio, o Teatro Casa Grande será palco para Renato Albani. Assinante O GLOBO tem 50% de desconto na compra de até dois ingressos

Renato Albani no Teatro Casa Grande: assinante O GLOBO tem 50% de desconto

O futuro é ousado, a confiança é em dobro. Venha garantir descontos especiais na JadeJade com o Clube O GLOBO!

Assinante O GLOBO aproveita descontos especiais na JadeJade

Empresa teve uma receita de US$ 61,9 bilhões no trimestre e ações chegaram a subir 6% nas negociações após o fechamento do mercado

Lucro da Microsoft supera expectativas do mercado com maior demanda das empresas por IA