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Política

Brasil deve investir no turismo doméstico

Turismo mundial sofreu queda de 73% em 2020 — 1 bilhão de pessoas deixaram de viajar por causa da pandemia
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Igreja do Rosarinho, na Bahia Foto: MTur
Igreja do Rosarinho, na Bahia Foto: MTur

O Executivo Sênior da Área de Inteligência de Mercado e Competitividade da Organização Mundial do Turismo (OMT), Michel Julian, afirmou que as consequências da pandemia foram devastadoras nas viagens a nível mundial. A declaração foi feita durante o webinário que lançou o “Vai Turismo – Rumo ao futuro” , no dia 22 de junho. O projeto da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) visa integrar propostas do setor a fim de recomendar políticas públicas nas eleições em 2022.

Segundo levantamento da OMT, o turismo internacional sofreu queda de 73% em 2020, se comparado a 2019. Oceania, Europa e África amargaram os piores números na chegada de turistas de outros continentes, porém Julian aponta que o impacto é planetário. “O turismo retrocedeu a níveis de 30 anos atrás”.

Em 2020, 1 bilhão de pessoas deixaram de viajar, culminando na perda de US$ 2,5 trilhões em faturamento e de 100 milhões de empregos em todo o mundo. “Foi uma crise sem precedentes”, avalia. Em 2019, o Turismo era a terceira atividade de exportação mais importante para a economia global. Apesar de otimista, o executivo aponta que a recuperação total vai levar tempo. Segundo as perspectivas da OMT, a retomada de viagens começa entre julho e setembro de 2021, principalmente na Europa em regiões onde a imunização avança, mas com movimentação 61% menor que o período pré-pandemia.

Quando se analisa as projeções para a América Latina, a tendência é de início de normalização a partir de 2022 devido à falta de coordenação e respostas no combate a Covid-19 entre os países, mas com recuperação prevista para 2023 e 2024 na grande maioria dos países. “Depende da melhora na abertura de fronteiras e na confiança do consumidor quanto a biossegurança”, aponta Julian.

Ele sugere investimento no turismo doméstico. “O Brasil tem muitas possibilidades, é um país do tamanho de um continente, com variedades de turismo e lugares lindos que podem ser explorados”, apontou Julian.

Para orientar empresários, governos e a economia turística, a OMT desenvolveu produtos digitais que atualizam em tempo real as exigências de cada País para ingresso de estrangeiros devido a crise sanitária, além de indicadores de métricas sobre sentimento dos turistas, ocupação de rede hoteleira, capacidade aérea e outros itens que demonstram um panorama do turismo no mundo.

CASE DE MEDELLÍN

O evento apresentou casos de sucesso no mundo e as metodologias adotadas para a criação de novos destinos turísticos. A cidade colombiana de Medellín, que ficou conhecida internacionalmente pelo tráfico de cocaína e nascedouro do famoso cartel de Medellín, comandado pelo traficante Pablo Escobar, entre as décadas de 70 e 90, é um desses exemplos exitosos.

Localizada em um vale rodeado de montanhas e floresta, a cidade tem inúmeros atrativos que não eram explorados pela falta de visitação de turistas nacionais e internacionais. Em meados da década de 90, a cidade passou por mudanças sociais e econômicas positivas, atraindo o olhar do próprio País para suas potencialidades turísticas.

A terceira cidade mais importante da Colômbia tem esculturas do artista Fernando Botero a céu aberto, na Praça Botero; abriga a Festa das Flores, tradicional manifestação cultural; parques de Eco-turismo, além de possuir teleféricos que dão uma visão ampla do vale Aburrá, onde a cidade se localiza, em contraste com as montanhas circundantes.

Para explorar as belezas locais e atrair turistas internacionais, o governo local apostou na metodologia de Destino Turístico Inteligente (DTI), para preparar a cidade e atrair visitantes. O modelo com cinco eixos e 400 requisitos envolve governança, inovação, tecnologia, sustentabilidade e acessibilidade. Cada um destes cinco eixos possui requisitos que são aprimorados segundo as métricas colhidas junto aos turistas. “Nós envolvemos todas as estratégias para nos dar um resultado turístico satisfatório”, explicou o membro da Subsecretaria de Turismo de Medellín, Lenier Toro.

Por meio de um plano de diagnóstico, execução, formação, monitoramento e constante avaliação para correções necessárias, a cidade foi preparada para oferecer conectividade, informação e pronto atendimento ao turista. No ano passado, foi a primeira cidade do País a receber o certificado de Destino Turístico Inteligente, outorgado pela Sociedade Estatal para a Gestão de Inovação e Tecnologias Turísticas do governo da Espanha.

O projeto Vai Turismo - Rumo ao futuro não vai utilizar a metodologia de DTI, mas para facilitar a convergência de propostas vai trabalhar com os cinco pilares dos Destinos Turísticos Inteligentes: sustentabilidade, acessibilidade, tecnologia, inovação e governança.

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