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Por Nick Corasaniti, Michael Bender, Ruth Igielnik e Kristen Bayrakdarian, The New York Times

Os eleitores nos EUA majoritariamente acreditam que a democracia no país está em risco, mas parecem apáticos em relação ao perigo, com apenas apenas uma pequena parte deles dizendo que esse é o maior problema da nação. Os dados são de uma pesquisa realizada pelo New York Times e a Universidade Siena, a menos de um mês das eleições de 8 de novembro, em que estarão em jogo todas as cadeiras da Câmara, um terço das do Senado e os governos de 39 dos 50 estados, além de vários cargos estaduais.

Segundo os números da pesquisa, 71% de todos os entrevistados disseram que a democracia estava em risco — mas 7% afirmam ser este o principal problema nacional, e a pesquisa mostrou que a avaliação do sistema democrático passa por filtros partidários.

A maior parte dos republicanos diz que o presidente Joe Biden faz parte da lista de riscos democráticos, ao lado da grande imprensa, do governo federal e do sistema de votação por correio. A maioria dos democratas indicou Donald Trump como maior ameaça, e houve numerosas menções à Suprema Corte, dominada por uma supermaioria conservadora, e ao sistema de Colégio Eleitoral.

Pesquisa do New York Times e do Sienna College sobre as percepções dos eleitores nos EUA — Foto: Editoria de Arte
Pesquisa do New York Times e do Sienna College sobre as percepções dos eleitores nos EUA — Foto: Editoria de Arte

Mais de um terço dos eleitores identificados como independentes — 37% — e um pequeno mas notável contingente de democratas — 12% — dizem estar abertos a apoiar um candidato que tenha questionado a legitimidade da eleição de 2020, no momento em que consideram temas como a economia mais importantes do que o destino do sistema político. Entre os republicanos, o percentual sobe para 71%.

Mesmo entre aqueles que votaram em Biden em 2020, 19% dizem que poderão apoiar alguém que questionou os resultados daquele ano. Isso inclui 10% de democratas, 22% de independentes e 43% dos eleitores registrados como republicanos que consideraram a votação de 2020 justa.

As dúvidas sobre as eleições que infestam a política americana desde 2020 devem persistir no futuro, aponta a pesquisa: 28% de todos os eleitores, incluindo 41% dos republicanos, dizem ter pouca ou nenhuma fé na legitimidade das eleições do próximo mês.

Os entrevistados demonstraram — de todos os lados do espectro político — apoio a um presidente que opere “fora das regras existentes”: um terço deles, com percentuais similares nos dois partidos, considera que o chefe de Estado deve fazer o que acha ser melhor, mesmo que viole algumas normas.

Conspiracionistas

Neste aspecto, a pesquisa tentou mapear o impacto de teorias da conspiração: 26% deles disseram ter ouvido falar sobre “2.000 Mulas”, um filme já desmascarado mostrando como cédulas de voto pelo correio teriam sido colocadas em caixas de coleta para ajudar os democratas em 2020. Entre os que escutaram falar no filme, 34% disseram que ele era crível, enquanto 45% não sabiam o suficiente para opinar. "2.000 Mulas" foi considerado uma farsa por somente 2% dos republicanos.

Apenas 4% dos eleitores disseram que as teorias da conspiração QAnon, que fazem bizarras alegações de que os democratas são parte de um culto satânico que sacrifica crianças, são plausíveis, mas a ampla maioria dos republicanos, 73%, diz não saber o suficiente sobre elas, ao invés de apenas rejeitá-las.

Dias depois do início da votação antecipada, quatro em cada dez republicanos diziam não acreditar que os resultados de 2022 serão legítimos, mesmo com as pesquisas mostrando que a sigla é favorita para controlar a Câmara e tem chances de levar o Senado. Entre os democratas, 13% dizem ter a mesma opinião, enquanto 26% dos independentes põem em xeque os resultados futuros.

As suspeitas dos republicanos sobre o processo eleitoral são marcadas pela profunda desconfiança em relação aos votos por correio. Enquanto 72% dos democratas e 48% dos independentes dizem que essa modalidade não apresenta qualquer risco à democracia, 55% dos republicanos afirmam que é um perigo de grande porte.

— Não acredito nas pessoas que fazem a contagem — disse Teresa Fogt, republicana de Sidney, Ohio, acrescentando que, em sua opinião, a eleição de 2020 foi fraudada e que os democratas tentariam roubar outros cargos em novembro. — É difícil para mim acreditar que a maioria dos americanos escolheriam Joe Biden ao invés de Donald Trump. Joe Biden é um idiota. Não o conheço pessoalmente, e provavelmente é uma boa pessoa, mas como um presidente, é um idiota.

As divergências se fazem presentes em todos os aspectos da vida cotidiana: 14% dos eleitores dizem que as visões políticas de alguém mostram se aquela é uma boa pessoa, enquanto 34% dizem que pouco revela. Quase uma em cada cinco pessoas disse que divergências afetaram relacionamentos com amigos ou família.

— Eu concordo que a maior ameaça é a sobrevivência de nossa democracia, mas essa divisão está criando uma ameaça — afirma Ben Johnson, cineasta de Nova Orleans e identificado como democrata. — Sentimos isso dos dois lados, as pessoas não concordam mais com os fatos. Não podemos chegar a um meio termo se não concordamos com temas simples. Não vamos nos mover adiante como um país sem esse acordo.

Esse aparente paradoxo — de que eleitores tenham tantas suspeitas entre si e sobre as instituições da democracia americana, ao mesmo tempo que demonstram pouca urgência para resolver essas questões — podem em parte refletir antigas frustrações em relação ao governo.

Economia como prioridade

Contudo, não parece haver disposição para defender ações mais agudas por parte das autoridades: para 81% dos entrevistados, o país pode consertar as falhas usando leis e instituições já existentes, ao invés de agir “fora da lei”. Aqueles que dizem que a violência seria necessária são apenas uma pequena minoria.

— Se estamos falando sobre liberdade, ter liberdade, e ter voz em nossas escolhas, acho que ainda temos isso — disse Audra Jones, uma republicana de Garnavillo. — Acho que as pessoas precisam parar de tentar reescrever a Constituição e apenas ler novamente o texto.

De maneira geral, a ampla frustração com o sistema político que muitos veem como perigosamente dividido e corrupto os deixou com uma impressão pessimista sobre a capacidade de o país se unir para resolver esses problemas, não importa quem vença em novembro. Muitos também definirão seus votos com base em questões como a inflação alta e outras ameaças econômicas, deixando as ameaças às instituições democráticas em segundo plano. Mas alguns consideram que economia e democracia são questões interligadas.

— Qualquer que seja o problema, onde você está vendo a raiva, está o encolhimento da classe média — disse Jefrey Valfer, democrata de Nova York. — Depois que você estabelecer o que é necessário para reconstruir a classe média deste país, então poderemos resolver muitas das questões que estamos vendo agora. Vai resolver muitas dúvidas sobre a democracia.

Eleitores independentes estão mais preocupados com temas além da democracia, e alguns estão dispostos a tolerar posturas negacionistas sobre eleições se um determinado candidato estiver alinhado em outros temas.

— Não acredito que a opinião deles sobre se a eleição foi ou não roubada é importante — disse Michael Sprang, um independente do Michigan. — Estou mais preocupado com suas posições sobre a Segunda Emenda [à Constituição]. Como se sentem sobre a Primeira Emenda. Como se sentem sobre o estado da economia.

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