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Economia Auxílio emergencial

Auxílio emergencial: Congresso tem que ter 'responsabilidade' para não inflar benefício acima de R$ 300, diz Lira

Presidente da Câmara afirma que, com um valor menor, ajuda financeira poderia ter mais parcelas. Pagamento pode começar em março
Lira na sua residência oficial, em Brasília, durante entrevista para o GLOBO na manhã de sábado Foto: Sergio Lima / Agência O Globo
Lira na sua residência oficial, em Brasília, durante entrevista para o GLOBO na manhã de sábado Foto: Sergio Lima / Agência O Globo

BRASÍLIA - O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), defende o valor de R$ 300 para o novo auxílio emergencial e faz um apelo ao Congresso para que não tente inflar o benefício, como ocorreu no passado. O posicionamento está em linha com o da equipe econômica, preocupada com o impacto fiscal da nova rodada do programa social.

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— O ministro Paulo Guedes (Economia) falou em R$ 200 para o novo auxílio, e o presidente Bolsonaro anunciou R$ 300. E o que o presidente anuncia, o governo vai ter que arrumar um jeito de fazer, penso eu. Talvez seja o valor ideal na cabeça de todo mundo. E o Congresso vai ter que ter muita responsabilidade para não mexer nesse valor, para não ficar aquele jogo de poker ficou da outra vez: "eu blefo e o outro paga". Então saiu de R$ 200 para R$ 600 — criticou Lira, em entrevista ao GLOBO.

No ano passado, Guedes propôs que o auxílio emergencial fosse de R$ 200, valor próximo à média paga a beneficiários do Bolsa Família. O governo, no entanto, não chegou a enviar um projeto à Câmara para criar o benefício, abrindo brecha para que o tema fosse tratado pelos parlamentares.

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Durante as negociações, o valor da ajuda a trabalhadores informais chegou a R$ 500. Na última hora, o presidente Jair Bolsonaro sugeriu o valor final de R$ 600, após consultar Guedes sobre a possibilidade de bancar a medida.

— Talvez naquela época se a gente tivesse feito parcelas de R$ 300, podia estar com o auxílio até hoje, né? Mas foram R$ 600. Deu um impulso muito forte na economia, deu um pouquinho de inflação em alimentos, comodities , essas coisas, que eu acho que é uma coisa pontual. Mas eu acho que R$ 300 seria um bom número para agora — avaliou Lira.

O auxílio emergencial foi prorrogado duas vezes em 2020. Primeiro, por dois meses no valor original, de R$ 600. Depois, o benefício passou a ser de R$ 300, pagos entre setembro e dezembro. Agora, Guedes tem sinalizado a possibilidade de liberar quatro parcelas de R$ 250, mas o martelo ainda não foi batido.

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Na entrevista, Lira também defendeu um a criação de um auxílio permanente, chamado por ele de "irmão gêmeo do Bolsa Família", que seria "melhor remunerado" e abrangeria, inclusive, trabalhadores que declarem renda no mercado informal:

— Quanto mais trabalharmos nessa questão da desvinculação orçamentária e da folga do teto orçamentário, a gente pode criar um programa desse porte cumprindo as regras fiscais de teto de gastos para que os mercados não oscilem, o dólar e os juros não subam a longa e médio prazo. O ideal nesse caso é um valor que atenda, que você possa cumprir, e que tenha quantidade maior de pessoas.

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A ideia de um programa para ampliar o Bolsa Família foi estudada pelo governo no ano passado, mas não avançou porque o plano da equipe econômica era financiar a medida por meio de cortes em outros benefícios, como o abono salarial.

Na última tentativa de avançar com a proposta, que chegou a ser batizada de Renda Brasil, Bolsonaro vetou o projeto e disse que quem falassem no assunto levaria um "cartão vermelho".

Sem interferência na Petrobras

Ne entrevista, Lira também comentou a decisão de Bolsonaro de trocar o comando da Petrobras. Segundo o parlamentar, não houve interferência na estatal.

— Só vai poder julgar se houve interferência se o governo agora congelar o preso da gasolina. O que se comenta é que teve uma insatisfação de gestão, porque os aumentos não tinham que ser semanais, mas mais espaçados — avaliou.