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Paes diz que Soranz pode reassumir Secretaria Municipal de Saúde

Ele é réu por improbidade administrativa em ação envolvendo a contratação de uma Organização Social para administrar hospitais da prefeitura
Daniel Soranz, ex-secretário de Saúde do Rio, na gestão de Eduardo Paes Foto: Reprodução
Daniel Soranz, ex-secretário de Saúde do Rio, na gestão de Eduardo Paes Foto: Reprodução

RIO - Réu desde 2017 em uma ação por improbidade administrativa envolvendo a contratação de uma Organização Social para administrar hospitais da prefeitura, o ex-secretário municipal de Saúde Daniel Soranz, está cotado para voltar ao cargo, caso Eduardo Paes (DEM) seja eleito prefeito no próximo dia 29. A possível volta de Soranz foi levantada por Paes em uma entrevista ao site do jornal "Valor Econômico’’ nesta sexta-feira. Funcionário da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Soranz foi subsecretário e, a partir de 2013, secretário de Saúde nos dois governos de Eduardo Paes (2009-2016). Ao GLOBO, o ex-secretário negou que tenha cometido irregularidades.

Ao responder ao Valor a uma pergunta sobre nomes para o governo, caso vença a eleição, Paes disse que gosta de Soranz para a Saúde:

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Não tenho nomes ainda. No caso da Saúde gosto do nome do meu ex-secretário Daniel Soranz. Mas ainda tenho uma eleição para disputar. Sei que tem um time de pessoas preparadas, vamos ter uma transição mais curta, mas queremos começar rapidamente. Mas também dependemos da gestão atual, o Crivella não apareceu para a transição nem quando ganhou, imagina quando perder.

Soranz tem participado ativamente da campanha de Paes e já foi visto este ano em unidades de saúde com o candidato do DEM. Entre outras ações, o ex-secretário foi responsável por expandir a cobertura do programa de Saúde da Família durante a gestão Paes, com a contratação de equipes por intermédio de Organizações Sociais. Na gestão atual, para cortar gastos, Crivella cortou quase 200 equipes do Saúde da Família em 2018.

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A ação contra Soranz foi proposta pelo Ministério Público do Rio (MP-RJ) e corre na 15ª Vara de Fazenda Pública. O Ministério Público estadual afirma ter havido desvio de R$ 6,174 milhões em convênios firmados entre a Secretaria Municipal de Saúde e a Fundação Bio Rio, entre 2014 e 2015, para o treinamento de médicos. Na denúncia, o MP-RJ afirma, ainda, que outros quatro réus que representaram a Bio Rio nas negociações com a prefeitura tinham vínculo com o Iabas, mesma organização social acusada de fraudes em licitação para hospitais de campanha do governo do Estado.

Entre outras irregularidades, o MP acusa a entidade de cobrar taxas indevidas da prefeitura para treinar os profissionais. E também questionou aditivos que prorrogaram o vínculo entre a entidade e o município. O MP acusa Soranz de ter tido ciência das irregularidades, mas que nada fez para impedir pagamentos indevidos:

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Estive na Secretaria municipal de Saúde por muitos anos. Hoje, é quase impossível encontrar gestores com tanto tempo de atividade que  não sejam alvo de ações de improbidade. Mas nunca fui condenado por nada. Não há denúncias de corrupção contra mim. E o próprio MP admite que não assinei os contratos — disse Soranz.

Mais tarde, por meio de nota, ele afirmou que todos os contratos firmados pela Secretaria Municipal de Saúde durante a gestão Eduardo Paes seguiram os trâmites legais e eram avaliados por comissões independentes de fiscalização, compostas por servidores de carreira da prefeitura. "Não há qualquer denúncia que aponte qualquer tipo de favorecimento pessoal, e no processo em questão não há sequer algum ato administrativo praticado por mim. A denúncia de deficiência na fiscalização é totalmente improcedente e será ao seu tempo devidamente julgada", afirmou ele, na nota.

O ex-secretário confirmou que tem trabalhado na campanha com Paes. Mas disse que os dois não trataram de cargos até o momento.

Lockdown: "medida extrema"

Na entrevista, Paes não descartou a possibilidade de promover um lockdown para conter a pandemia do novo coronavírus, caso seja eleito, mas classificou a medida como "extrema":

O Lockdown é uma medida extrema, vamos tomar decisões de acordo com um comitê técnico. Não dá para excluir nenhuma hipótese, mas temos que considerar alternativas que a população vai praticar.

Ainda sobre a Covid-19, Paes disse ser contra a montagem de hospitais de campanha e defendeu a reativação de leitos da rede pública. Ele também criticou o que considerou falta de integração entre os Poderes no pico da pandemia:

Tem que trabalhar entrosado com outros níveis de governo, principalmente com o do estado. Foi uma desconexão permanente entre os governos. Foram editados decretos que se contradiziam e desacreditaram as ações para conter a pandemia. Temos que ouvir a Ciência e Medicina, para tomar decisões adequadas. Eu não disponho dos números da prefeitura, porque ela omite. Sabemos que temos o índice de óbitos duas vezes maior que o de São Paulo.