Medicina
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Por O GLOBO

Cistite é uma infecção na bexiga causada por bactérias presentes no intestino e importante para a digestão. Se entrarem em contato com rins, uretra e bexiga, entretanto, pode levar ao desenvolvimento de Infecções do Trato Urinário (ITU). A doença é muito comum entre mulheres, que têm a uretra mais curta e próxima ao ânus. Entre elas, 50% a 80% têm ao menos um caso na vida, enquanto 15% relatam episódios anuais.

Quais são os sintomas da cistite?

A médica responsável pelo departamento de Urologia Feminina da Sociedade Brasileira de Urologia, Maria Claudia Bicudo, afirma que a doença é caracterizada por dor ao urinar, aumento da frequência urinária, sensação de esvaziamento incompleto da bexiga, urgência e sangue ao urinar.

Em casos mais graves, o paciente pode apresentar febre, dor nas costas e calafrios. O coordenador de Urologia Feminina no Hospital Federal do Andaraí, José Alexandre Araújo, alerta que o cuidado deve ser redobrado com idosos, porque há mudança nos sintomas:

— No caso das pessoas mais idosas, não têm quadro de febre nem calafrios, e por isso o ideal é não esperar manifestar esses sintomas. Se eles pararem de comer e de se relacionar com a família, recomendamos que vão direto para o pronto-socorro para checar se não é cistite — explica.

O que causa a doença?

A cistite é causada por uma inflamação na bexiga por agentes infecciosos, como bactérias e fungos, com maior incidência entre mulheres. Entre as mais jovens, as principais causas são a baixa ingestão de água e excesso ou falta de relação sexual, em que o atrito durante o sexo pode irritar a região vaginal. A doença deve ser investigada se apresentar pelo menos dois episódios em seis meses ou três em um ano.

Em mulheres na menopausa, a doença ainda pode ser causada por atrofia vaginal, também devido à perda de desejo sexual típica do período. Em idosas com 75 anos ou mais, outra causa comum é a constipação crônica e a retenção de urina na bexiga, devido à redução do tônus muscular na região.

No caso dos homens, o urologista José Alexandre Araújo alerta que qualquer caso de cistite deve ser investigado porque, geralmente, a incidência pode indicar outro problema:

— Se homens têm infecção urinária, em qualquer idade, o ideal é procurar logo um urologista. É uma infecção complicada por natureza, e pode indicar evolução de cálculo renal, entre os mais jovens, ou próstata grande, no caso dos mais velhos — afirma.

Como funciona o tratamento da cistite?

De acordo com a doutora em Urologia Maria Claudia Bicudo, como a maior parte dos casos envolve infecções por bactérias naturais do intestino, o tratamento costuma envolver o uso de antibióticos, e o paciente deve apresentar melhora em até três dias.

Se não houver melhora, devem ficar em observação para ver se evolui para infecção de repetição — com ao menos três casos por ano. Em mulheres, se a causa for baixa ingestão de líquido, a recomendação é ingerir até a urina sair transparente. Se for devido à relação sexual, pode usar gel lubrificante e evitar posições sexuais em que o pênis faça atrito com a uretra.

Para mulheres na menopausa, a recomendação é passar creme vaginal de hormônio ou laser vaginal, para controlar a atrofia na região. Em idosas com constipação, há o encaminhamento para um gastroenterologista e, na faixa etária de 75 anos ou mais, por se tratar de um caso crônico, deve ter acompanhamento contínuo com o urologista para fazer cateterismo de alívio.

Ainda há o tratamento não medicamentoso com vacina de cápsula contendo material genético da bactéria intestinal que desenvolve a cistite, probióticos para a flora vaginal e a bexiga e ingestão de granulado de açúcares para diminuir a penetração da bactéria. Todos os tratamentos estão disponíveis nas redes pública e privada.

No caso de homens acima dos 50 anos, a indicação é realizar cirurgia de raspagem ou remoção parcial da próstata para abrir canal de saída da urina e evitar reincidência.

Existe forma de prevenção?

A prevenção pode ser feita com o aumento da ingestão de líquidos — ao menos 1,5 litro de água diariamente —, além de fazer corretamente o tratamento de eventuais distúrbios intestinais como diarreia e constipação. No caso das mulheres, fazer exames de rotina a cada seis meses, com cultura de urina. Para homens, basta manter o acompanhamento de rotina com o urologista a partir dos 45 anos.

Especialista em Urologia Feminina, Maria Claudia Bicudo alerta para a prevenção especial no caso das mulheres, e para cuidados especiais para evitar infecção urinária:

— Através do uso de antibióticos contínuos ou intermitentes, uso de hormônio vaginal em caso de menopausa e ressecamento genital, além de tratamento de condições urológicas que alteram a micção e o esvaziamento da bexiga, deixam o indivíduo predisposto à infecção urinária — explica.

Fontes: Maria Claudia Bicudo, mestre e doutora em Urologia pela Faculdade de Medicina do ABC e responsável pelo departamento de Urologia Feminina da Sociedade Brasileira de Urologia; José Alexandre Araújo, coordenador da Urologia Feminina do Hospital Federal do Andaraí e coordenador da Oncologia Urológica do Hospital de Câncer Mário Kroeff.

Referências: Ministério da Saúde; Sociedade Brasileira de Urologia.

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