Marcelo Crivella — Foto: Cristina Boeckel/G1 Rio
A Procuradoria Regional Eleitoral (PRE) pediu a inelegibilidade do prefeito do Rio, Marcelo Crivella, até 2026 em alegações finais apresentadas em um processo que apura suposto abuso de poder político e religioso no caso que ficou conhecido como "Fala com a Márcia".
A reunião ocorreu no dia 4 de julho no Palácio da Cidade e foi chamada de Café da Comunhão, reunindo líderes religiosos. No encontro, Crivella dizia para que a servidora Márcia fosse procurada pelos "irmãos" que tivessem "alguém na igreja com problema de catarata" ou varizes.
A Câmara do Rio rejeitou dois pedidos de abertura de um processo de impeachment contra Crivella com base em denúncia semelhante. Em nota, a Prefeitura informou que as reuniões ocorreram "estritamente na forma da Lei" e lembra que o Parlamento recusou a acusação.
"Nas defesas e integrais provas processuais constam as informações que afastam o irrazoável pedido de inelegibilidade, ou qualquer sanção, o que foi pautado em mera dedução e desproporcional presunção punitiva inaplicável ao caso", diz o texto.
O que diz a denúncia
De acordo com a PRE, no encontro "Café da Comunhão", que não constava na agenda oficial, Crivella ofereceu aos cerca de 250 presentes diversas vantagens pessoais, como cirurgias de catarata, vasectomia, retirada de varizes e mesmo a facilitação no processo de isenção de IPTU dos imóveis usados por igrejas evangélicas.
A PRE afirma que no convite enviado aos participantes era destacada a presença do então candidato Rubens Teixeira e de diversos outros líderes evangélicos.
Para a PRE, o encontro teve o "claro intuito de beneficiar eleitoralmente o grupo político do prefeito, o que prejudicou a igualdade de concorrência entre os candidatos das eleições deste ano".
"Estamos fazendo o mutirão da Catarata. Eu contratei 15 mil cirurgias até o final do ano (...). Se os irmãos conhecem alguém, por favor, que falem com a Márcia (…). Ela vai anotar, vai encaminhar e, daqui a uma semana ou duas, está operando", prometeu Crivella em gravação divulgada pelo jornal O Globo.
O que diz a Prefeitura
"As duas ações se referem à eleição de 2018, na qual o Prefeito Crivella sequer foi candidato. Tratam de duas reuniões que ocorreram estritamente na forma da Lei e que tanto a Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro quanto o STF decidiram pela inexistência de qualquer irregularidade em ambas.
Nas defesas e integrais provas processuais constam as informações que afastam o irrazoável pedido de inelegibilidade, ou qualquer sanção, o que foi pautado em mera dedução e desproporcional presunção punitiva inaplicável ao caso".