Por MG1 — Belo Horizonte


Coleta para o teste PCR para diagnóstico da Covid-19 — Foto: Isabela Carrari/Prefeitura de Santos

Nas duas últimas semanas não foi feito nenhum exame PCR para identificar o novo coronavírus em Belo Horizonte. É o que mostra o boletim divulgado pela prefeitura nesta segunda-feira (21). Especialistas reforçam que esses testes são fundamentais para saber a taxa atual de transmissão do vírus.

A administração municipal, no entanto, nega a informação do boletim e disse que fez 1.481 testes PCR entre 1 e 21 de setembro (leia ao final da reportagem).

Ao todo, 277 mil pessoas já foram testadas para Covid-19 na capital mineira. Desse total, a maioria foi por meio de testes rápidos – 153 mil (55,3%). Já os testes do tipo PCR representam 123.588 (44,6%).

Dados do próprio boletim epidemiológico divulgado pela prefeitura mostram que, do dia 6 até o dia 12 deste mês, foram 2.644 testes, e na ultima semana, 814. No mesmo período, nenhuma testagem PCR foi feita. O teste PCR é aquele em que as amostras são coletadas pelo nariz e pela garganta.

"O teste de PCR, que a gente chama de molecular, de swab, mais desconfortável, vai falar pra gente se a doença está ativa, se vai estar com vírus em atividade no momento do teste. Então ele não vai falar se teve contato mais antigo com o vírus – vai ser mais atual. Por isso, esse é um teste mais utilizado pras pessoas que estão internadas, pra receber diagnóstico Covid-19, e também pra outros casos. Exemplo: profissional de saúde pra saber se vai ser afastado ou não", explicou o infectologista Luciano Curi.

E é justamente para nortear as ações do município que esses testes são importantes. Eles ajudam a calcular a taxa de transmissão, que, junto com a ocupação de leitos de UTI e de enfermaria, permitem a reabertura de várias atividades na cidade com segurança. Para isso, são usados dados do sistema público e da rede privada de saúde.

Atualmente, a taxa de transmissão está em 1,03. Saiu do indicador verde e agora está no amarelo. Sinal de alerta. Isso significa que um infectado pela Covid-19, mesmo sem os sintomas, pode passar o vírus para mais de uma pessoa. O ideal é que esse índice fique abaixo de 1.

Sem o teste PCR, o infectologista Luciano Curi diz que esse indicador pode não representar a realidade.

"É bem provável, e não só em BH, mas em várias partes do mundo a gente tem um subdiagnóstico de Covid. A gente não sabe a real dispersão desse vírus no mundo, no planeta e em BH não é diferente. A gente não tem 100% das pessoas testadas, a gente não sabe isso. Lembrar que não tem sintomas – como são pessoas assintomáticas é difícil saber a real no momento atual", diz o especialista.

BH não faz teste PCR para coronavírus há duas semanas

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O que diz a prefeitura

A Secretaria Municipal de Saúde declarou que tem protocolo bem estabelecido de testagem e que não houve restrição desse protocolo, e que a redução da testagem se deve pela própria diminuição do número de casos suspeitos de pacientes. O órgão disse que os estoques de testes PCR e rápido na prefeitura estão abastecidos.

Questionada sobre a não realização de testes PCR nas últimas duas semanas, a pasta disse que "os dados referentes às notificações de testes PCR realizados em Belo Horizonte e divulgados no Boletim Epidemiológico Assistencial são fornecidos pela Secretaria de Estado de Saúde". Segundo a secretaria, a última atualização de notificação de exames PCR é do dia 2 de setembro. "Nesta segunda-feira, a SES repassou uma base atualizada com testes rápidos e PCR que está sendo processada para divulgação no boletim desta terça".

Segundo a Prefeitura, os testes PCR seguem sendo realizados em seu Laboratório de Teste PCR para Covid (Laboratório Municipal de Biologia Molecular) e os dados repassados à SES, assim como a rede privada. O laboratório próprio da prefeitura processou 1.481 exames PCR somente entre 1 e 21 de setembro, de acordo com a secretaria.

O G1 também perguntou sobre como é calculada a taxa de transmissão e se os testes PCR interferem nesse cálculo.

A resposta da secretaria é que "a metodologia de cálculo segue recomendações internacionais e foi criada pelo Imperial College de Londres. A PBH adotou a metodologia, inclusive, antes da OMS orientar, por meio de nota técnica de 12/05/2020, todos os países a utilizar o indicador e a mesma forma de estimação. A partir de modelos epidemiológicos, demográficos e estatísticos, que consideram o número de Suscetíveis e Infectados na população, a PBH calcula o Rt, utilizando os dados de casos confirmados, inclusive aqueles de maior gravidade ou que exigem algum tipo de intervenção clínica".

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