Médias empresas debatem a importância das redes na FDC

Fórum destacou a importância da governança e da cooperação para o desenvolvimento do ambiente de negócios

27 de setembro de 2023 às 0h24

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Fórum Anual das Médias Empresas foi realizado na Fundação Dom Cabral, em Nova Lima, entre 24 e 26 de setembro | Crédito: Homero Xavier/FDC

A 8ª edição do Fórum Anual das Médias Empresas, que aconteceu entre os dias 24 e 26 de setembro na Fundação Dom Cabral (FDC), em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), recebeu mais de 2 mil empresas e ofereceu quase 100 horas de conteúdo para alavancar as médias empresas brasileiras.

O tema do evento, “O poder das conexões: o fator rede na geração de negócios” propôs, a partir de palestras e mesas, uma reflexão sobre a importância da cooperação e do compartilhamento de experiências para criar um ambiente que fomente negócios e capacite as médias empresas para se desenvolverem em meio à competição global por insumos e mercados. 

De acordo com o diretor-executivo da FDC, Leonardo Scarpelli de Almeida, é importante que as médias empresas enxerguem a rede com uma colaboração e não como uma competição.

“Pequenas e médias empresas ainda enxergam que participar de uma rede com um competidor é uma situação de risco para o negócio, que vai expor informações e estratégias e isso não é verdade. A competição não é mais entre empresas, acontece entre redes, entre ecossistemas. Então, é importante ter uma rede conectando pequenas e médias empresas seja com fornecedores, com rede de revendedores, para buscar crédito em conjunto, por exemplo. É importante vivenciar alguma rede que pode ser através de associações, sindicatos patronais ou através de redes colaborativas”, explicou Almeida.

Logo na abertura, o presidente executivo da FDC, Antonio Batista, alertou para a necessidade de cooperação entre os negócios neste século.

“Este é o século da cooperação assim como o século passado foi o da competição. Temos que sempre ter em mente que na vida o ‘um mais um é sempre mais que dois’. É necessário aprender com o exemplo do outro, os erros e as melhores práticas do outro – crescer junto e em comunidade. As empresas que souberem fazer valer a coopetition (competition + cooperation), ou seja, competição e cooperação juntos, vão sair com uma vantagem muito maior perante às demais”, reforçou Batista. 

O CEO da Gerdau, Gustavo Werneck, ministrou a palestra magna do evento. Para ele, as empresas que buscam longevidade precisam ouvir seus stakeholders e fazer as adaptações necessárias na cultura e no negócio, sendo coerente com o momento e com o contexto em que atuam. 

“Empresas mais longevas vão perdendo a capacidade de ouvir e quando a gente perde essa capacidade a chance de fracasso é muito grande. Não fazemos mais planejamento estratégico ou orçamentação anual. Olhamos para o trimestre com alguns direcionadores e a grande dedicação de tempo que nós temos é na cultura”, pontuou Werneck.

No painel “Desafios da governança corporativa nas médias empresas”, o sócio-administrador da Invita, Dilson Athia Filho; e o CEO do mesmo grupo, Renato Kell, contaram como foi desenvolvido um estilo de governança capaz de levar o grupo de uma das mais tradicionais empresas do setor funerário para uma nova cultura que trabalha a rede com foco nos benefícios em vida ou life care. Essa mudança gerou incrementos satisfatórios de resultados, faturamento, retenção e longevidade no relacionamento com os clientes.

Hoje, o Grupo Invita atua no mercado de empresas de planos de assistência familiar, funerárias, cemitérios e crematórios.

“O caminho a ser seguido dentro da organização tem que ser muito bem construído. A forma de atuar no mercado é que vai dizer se aquelas empresas vão conseguir conviver. Então, transparência é o ponto-chave dessa transformação. As informações e os objetivos têm que ser claros. E o outro ponto é o alinhamento de valores. Esses são os pilares que vão permitir que a rede atinja seus objetivos”, pontuou Kell.

Médias empresas fazem inovação em rede

“Para cada problema a gente cria uma nova regra. Então imagine o quanto pode ser engessada uma empresa centenária”. Com essa provocação a head de Inovação da Mercur, Cássia de Menezes Hoelzel, começou a contar como a tradicional empresa gaúcha mudou os rumos da gestão, diminuiu o número de itens fabricados e focou em cocriação para continuar relevante e crescendo no disputado mercado brasileiro e saúde e educação. 

“Tínhamos várias unidades de negócio e elas competiam muito entre si, além de uma subsidiária em Miami. Então, o nosso tamanho de exportação era muito grande. A gente usava marcas licenciadas com os materiais escolares. Teve uma hora que percebemos que aquilo não fazia mais sentido, mas eles rendiam uma receita muito grande para a gente. Teve um determinado momento ali na terceira geração, que começamos a pensar qual era o nosso papel no mundo como indústria. Naquela época, a gente não falava sobre o papel da indústria na vida das pessoas para além da geração de empregos. Então, passamos de um olhar muito centrado no ‘eu’, para um olhar que fala muito sobre o nosso encontro aqui, na geração de conexões positivas, para o propósito. A gente começou a fazer menos e melhor”, relembrou Cássia Hoelzel.

A executiva tem 25 anos, formada em arquitetura e faz parte da quarta geração da família.  Hoje comanda a Vóka – Centro de Inovação da Mercur. O objetivo do espaço é trabalhar a inovação transformacional na empresa por meio do relacionamento com mercados, tecnologias e conhecimentos que até então não vinham sendo explorados pela organização. 

“Eu gosto muito da cocriação. Ela nos permite entender como a pessoa quer usar um produto, o que ela precisa nele. Quando a gente parou de importar certos produtos, tomamos a decisão de não simplesmente nacionalizar e internalizar a produção. Fizemos um trabalho de compreensão do design para conseguir melhorar esses produtos adequando ao povo brasileiro, às necessidades da nossa estrutura e está valendo a pena”, comemora. 

Cássia Hoelzel apresentou o case da Mercur, que apostou na cocriação para continuar crescendo | Crédito: Homero Xavier/FDC

Para o diretor estatutário e professor da FDC, Dalton Sardenberg, que conduziu a mesa “Desafios da governança corporativa nas médias empresas”, a questão da governança em rede exige comprometimento com o grupo e desprendimento dos pequenos poderes. 

“Fazer a gestão de rede é estar de fato aberto a compartilhar. Isso não é fácil. A governança tem a ver com a tomada de decisão e o poder. Se eu sou dono de algum negócio, eu delego a alguém a tomada de decisão em meu nome. No caso do Grupo Invita, que acompanhamos, são empresas de origens e estágios de desenvolvimento diferentes. O Renato, que é o CEO, é a figura principal de execução, que cuida para que as coisas aconteçam, gerar todas as parcerias, as oportunidades de novos negócios”, completou Sardenberg.

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