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terça-feira, 25 de janeiro de 2022

São 468 anos de história, mas sem perder a ternura

Opinião


Após 20 meses de pandemia, a cidade de São Paulo chega aos seus 468 anos de fundação com sua população apreensiva pelo aumento da taxa de transmissão da COVID-19, que ganhou fôlego com a variante do momento, a ômicron. O paulistano se pergunta até quando o coronavírus vai continuar causando impactos no convívio social nas relações de trabalho, enfim, no seu cotidiano. É nesta atmosfera de incerteza que o aniversário da cidade, como toda data importante, nos convida a uma oportuna reflexão sobre o que a nossa cidade é e a relação que temos com ela.

Tal exercício não precisa ser uma longa DR, e pode até levar à conclusões reconfortantes. A imagem de São Paulo está longe de ser um consenso. Da implacável Selva de Pedra à Terra da Garoa, nossa metrópole insiste em se contradizer, seja no boletim meteorológico ou em demonstrações de solidariedade. A verdade é que São Paulo é tão complexa, diversa e intrincada quanto seus habitantes, de tantas origens e realidades diferentes, o que, em si, já é muito revelador. Afinal as pessoas são o principal ingrediente na composição de qualquer cidade.

Você pode amar ou não gostar de São Paulo, mas não pode negar suas múltiplas origens e a vocação histórica para se tornar o novo lar de muita gente. No último ano, São Paulo recebeu o reconhecimento público do alto comissariado da ONU por suas políticas públicas, como uma das cidades que têm as melhores práticas no recebimento de imigrantes, migrantes e refugiados. Tais conquistas, reforçam esta característica de acolher bem quem vem morar na cidade.

É reconfortante saber também que a cidade tem se esforçado para garantir os direitos fundamentais de toda essa rica diversidade humana que a compõe e isso vai muito além dos imigrantes que recebem assistência e aulas de português. A prefeitura da capital paulista tem a maior rede de proteção à mulher do Brasil. Ampliou o número de Centros de Referência e Promoção da Igualdade Racial, locais que acolhem denúncias contra o racismo, de uma unidade, existente em 2019, para oito em 2021.

A prefeitura criou um sistema de aferição de cotas raciais, que analisa, caso a caso, se os benefícios desta importante ação de reparação histórica estão sendo destinados corretamente, que é um modelo pra outras cidades do país.

A cidade ampliou de 240 para 510 o número de vagas para bolsistas do Transcidadania, um programa de apoio da prefeitura às pessoas que vivem na pele o drama da transfobia. Conquistamos a maior classificação do selo Cidade Amiga do Idoso e abrimos espaço para denúncias de violência contra a mulher, homofobia e racismo, no sistema 156 de atendimento remoto do município.

A capital paulista é referência na localização internacional no apoio prestado aos familiares de pessoas desaparecidos, a ponto de receber uma visita técnica do Ministério da Justiça, com o interesse de aprender e replicar nacionalmente as boas práticas desenvolvidas no município. Recentemente, numa ação de vanguarda, criou a política municipal de Busca de Pessoas Desaparecidas, Localização Familiar e Atenção a Familiares de Pessoas Desaparecidas, ato que mereceu elogios públicos e formais da Cruz Vermelha Internacional, que coloca esta questão como prioridade.

Neste último ano a cidade com a ajuda da sociedade civil, doações de empresas e de cidadãos distribuiu mais de 6 milhões de cestas básicas e 8,7 milhões de marmitas para aplacar a fome das pessoas mais vulneráveis durante a pandemia. Um esforço para a garantia da segurança alimentar de uma dimensão absurdamente incomum para um governo municipal.

Ainda em 2021, no período de baixas temperaturas a prefeitura realizou mais de 2 milhões de acolhimentos de pessoas em situação de rua. No pico da onda de frio, registrado em julho do ano passado, a população atendeu prontamente ao chamado para doar cobertores e agasalhos para àqueles que estavam expostos ao frio.

Os avanços na garantia de direitos não acontecem da noite para o dia. Via de regra, são sinais de amadurecimento e resultado de muito trabalho, como o desta gestão, sempre comprometida com o cidadão. Seu reconhecimento por entidades internacionais importantes e frequentes demonstrações de solidariedade e consciência social da população nos permitem dizer que São Paulo, continua a ser a cidade que não para, mas também está se tornando mais humana.

Essa construção coletiva e complexa, de tanto concreto e asfalto, é feita, acima de tudo, de gente. E estes milhões e milhões de pessoas que vivem e viveram nela, nos últimos 468 anos, merecem receber os parabéns nesta data.

 


Claudia Carletto - Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania da cidade de São Paulo é jornalista e mestre em gestão pública.


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